Sobre tradução automática e interpretação simultânea
A tradução automática (TA) é, cada vez mais, aceite como sendo útil com a ajuda de suportes terminológicos específicos, tais como memórias de tradução ou glossários ditados pela experiência e extraídos de corpos paralelos. Impulsionada pelos avanços tecnológicos, a sua utilização recorrente sem revisão humana deu origem a uma forte discórdia entre os profissionais de tradução, que vêem na sua utilização uma falta de senso comum em relação à categoria de mediadores linguísticos, cujas competências responderiam mais eficazmente às necessidades (extra)textuais da tarefa. De facto, o debate acalorado sobre o papel da TA no processo de transferência não é trivial. Em princípio, é elogiada pela sua capacidade de transmitir informação prontamente, o que tem facilitado durante anos o trabalho dos cientistas na extração de dados, na ausência de uma língua franca. No entanto, as suas limitações fazem dela uma espada de dois gumes que rouba a mensagem de precisão e naturalidade. A este respeito, constatamos que a falta de flexibilidade e a competência temática e enciclopédica dos tradutores humanos leva a uma incapacidade de detectar o aspecto extra-linguístico e a uma falta de percepção diacrónica nos textos. É na fase de transferência que a pós-edição desempenha um papel importante, uma vez que esta última está posicionada como o terceiro e último processo da TA. A sua procura no campo profissional está gradualmente a ser sentida, uma vez que a velocidade e o volume das tarefas exigem ritmos de trabalho quantificáveis durante o processo de revisão. Do mesmo modo, o aparecimento de ferramentas de tradução recentes e os programas que permitem a interpretação simultânea automática, tais como o Pixel Buds, o iminente Google Translator capaz de imitar a cadência e o tom do remetente ou o Skype Translator, tentam ultrapassar a barreira da existência de uma linguagem não binária, mutável e sócio-cultural, como a linguagem humana.
Tendo em conta o acima exposto, e porque são altamente actuais, as seguintes linhas de investigação são propostas com base numa actualização dos novos avanços na observação dos estudos teóricos e de campo sobre tradução automática e dos novos programas de interpretação simultânea automática, de um ponto de vista experimental e linguístico-tradicional:
- Novos horizontes na utilização de software de tradução assistido por computador;
- Estudos linguístico-tradutológicos sobre tradução automática;
- Estudos sobre erros e interferências lexicais e morfossintáctica;
- Estudos de campo e reflexões sobre a utilização da tradução automática e da interpretação;
- Tradução de máquinas como um recurso para melhorar a interlinguagem;
- Ensino de tradução assistida por computador: programas e funcionalidades.
Ao submeter uma proposta, tenha em conta o aspecto técnico da sua contribuição, já que o principal foco da Linguamática é o Processamento de Linguagem Natural.